quinta-feira, 20 de maio de 2010

Fantôme...
















Temor...sentimentos confusos...imaginei os detalhes narrados...sofri com a vítima...pausei...pensei...retornei...a cada letra um sobressalto...tentei parar, foi inegável...quanto mais absorvia, mais eu era tragada...o tempo urgia...mas não conseguia por fim...vislumbrei o exato momento da luta entre o agressor e o menino...de tão nítido, me afastei, saí de cena...não quis mais...isentei-me...olhei em volta, para ter a exata certeza da minha solidão...meus fantasmas me assombravam, alguns ali parados, estupefatos...zombando de mim...a cena era patética...não me contive...estremeci...a próxima página era tão chocante quanto a anterior...mas minha curiosidade era insaciável...jogo de palavras...elas nos seduzem tão bem, quando permitimos, é claro...(pois, do contrário são só um monte de caracteres sem sentido, como um jornal que se põe fora... a autora fez bom uso delas e os fatos reais eram mais um aliado ao sucesso)...ignorei-os por um momento e retomei o ritual...a inteligência do homicida era cruel...engoli em seco...prossegui...o sono me observava e eu dava de ombros a ele, não podia abandonar logo agora...me esqueça!!! pensei...mas foi inútil...trôpega nas palavras, alguns trechos relia...o cansaço me abatia...estava perdendo aquele round...os fantasmas aplaudiam, pois agora poderiam me atormentar à vontade, saborear cada momento de pavor que eu já começava a sentir...me rendia aos poucos...com dignidade...alguns, apressados, tentavam chamar a atenção para que o espetáculo de terror iniciasse logo...que vermes!!!...tomei consciência do meu torpor...fui vencida...mas com a promessa de um novo embate...e revigorada...com a possibilidade de virar o jogo e vencer a luta...tombei...(imaginariamente)...1...2...3...(o juiz já iniciava a contagem para declarar vencedor o Sono)...mas qual que!!! de súbito...tomei vigor...suspirei...aspirei a vida...apenas para perder com altivez...recobrei os sentidos...fui encolhendo discretamente...olhei os fantasmas outra vez...agora estavam a aplaudir cinicamente...sorriso nos lábios...me despedi...não demonstrei medo...depositei o objeto causador de todo esse disparate psicológico ao qual me submeti, em cima do móvel...meu último olhar para a porta, sons estranhos...disfarço para não me envolver...inútil...o show acaba...as luzes se apagam...e eu lá, atrás da cortina trêmula psiquicamente, sem saber o que fazer, o último ato foi estarrecedor...a horda de fantasmas se aproxima, um por um e cada um com uma espécie de medo para me mortificar...medo do escuro...desde criança...medo das sombras...até hoje...medo de ser brutalmente morta...constante...medo de ficar sozinha...ultimamente...medo do medo...novidade para mim...não demorou muito para que eu caísse nos braços de Morpheu*...recebeu-me com a serenidade de sempre...em berço esplêndido...Adormeci...




(*lembrando que na mitologia ele pode assumir qualquer forma humana...e para minha felicidade aí está ele, bem ilustrado na foto eu escolhi...mas não lembro do seu semblante, não o vi...escolhi ao acaso a que mais me agradou)...


(SrtA. L.)

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